Uma vela na Muxima

publicação original
5.04.2006
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Amanhã
vou acender uma vela na Muxima
Amanhã
levo para os meus santos flores de acácias
Amanhã
peço p'ra toda gente que me estima
Amanhã
peço p'ro novo dia que virá …


Emílio Victor Caldeira Mac-Mahon de Vitória-Pereira, o Milo, nasceu no Lubango.
Nesta cidade começou a vida artística aos 17 anos de idade.

Ao acaso encontrou, numa estação de caminhos-de-ferro, Raul Aires, o Indipwo, ido de Malanje. Embora se diga que se conheciam desde a infância. O interessante é que entre eles nasceu uma amizade para toda a vida. Literalmente.

Em 1959 já actuavam juntos e a sua verdadeira apresentação pública aconteceu no Uije, em 1959. O sucesso chamava-se Kurikutela e viria a tornar-se uma das marcas do grupo. Diz-se que foi nesta altura que Lucília Dias, locutora do Rádio Clube do Congo Português, os baptizou como Duo Ouro Negro.

Seguiu-se um espectáculo no ringue do Sporting de Luanda e, logo depois, a apresentação em Portugal, no Casino Estoril. E a fama internacional.
Em 1965 lançaram o Kwela, que pôs todo o mundo a dançar, numa altura em que ainda reinava o twist e ritmos quejandos.
Em 1966 veio a glória da actuação no Olympia, em Paris, e também no Alhambra.
Em 1967 actuam na Ópera de Monte Carlo, por ocasião das comemorações do IV Centenário do Principado do Mónaco mas ainda arranjam tempo para actuar novamente no Olympia, em Maio durante três semanas e Outubro, por mais três semanas.
Muito mais se seguiu: o Brasil, no Teatro Cecília Meireles e no Canecão; o “Rendez-Vous avec Danny Kaye”, espectáculo comemorativo do 20º Aniversário da UNICEF, transmitido de Paris para 200 milhões de telespectadores; conquistam o Canadá e os Estados Unidos, onde assinam um contrato com a Columbia Artists; regressam a Portugal e a África; voltam aos Estados Unidos onde arrasam o Waldorf Astoría, em Nova Iorque; dois espectáculos no Teatro Maipu, de Buenos Aires; e conquistam o Japão.

Começaram com temas de raiz tradicional angolana, com Kurikutela, passaram pela música dita ligeira, com Maria Rita e voltaram às raízes africanas com o álbum Blackground.
Tinham gravado 34 discos single e 15 LP quando, no dia 4 de Abril de 1985, o Milo faleceu em Lisboa, com 44 anos.

O seu legado continua com o Raul, agora Raul Ouro Negro, e na nossa memória:

Zag zag zag zag
Sangazuza até cair ...

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admário costa lindo