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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Júlio Resende, 1917-2011

foto Tiago André

1917
A 23 de Outubro nasce, no Porto, Júlio Martins Resende da Silva Dias .
1930-1936
Faz ilustrações e BD para jornais e publicações infantis;
aprende desenho e pintura na Academia Silva Porto.
1937
Frequenta a Escola de Belas-Artes do Porto; é discípulo de Dórdio Gomes.
1943
Participa na organização do "Grupo dos Independentes" e participa nas “Exposições Independentes” entre 1943 e 1950;
primeira exposição individual no Salão Silva Porto.
1944
Exerce docência no ensino secundário.
1945
Conclui o Curso de Pintura na Escola de Belas-Artes do Porto, com o quadro "Os Fantoches";
visita o Museu do Prado;
em Madrid encontra-se com com Vasquez Diaz;
obtém os prémios da Academia Nacional e "Armando de Bastos".
1946
É bolseiro do "Instituto Para a Alta Cultura";
primeira exposição em Lisboa.
1947-1948
Estuda as técnicas de afresco e gravura na Escola de Belas-Artes de Paris;
é discípulo de Duco de La Haix;
na Academia Grande Chaumière recebe lições de Othon Friesz;
copia os Mestres no Museu do Louvre;
visita os museus da Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália.
1949-1950
É professor na escola de cerâmica de Viana do Alentejo;
enceta contactos com o escritor Virgílio Ferreira e com os artistas Júlio e Charrua;
em Lisboa conhece Almada Negreiros e Eduardo Viana;
primeira viagem à Noruega onde é hospede de Oddvard Straume;
permanência em Orstavik.

"Alentejo", 1950
1951
Fixa-se no Porto e mantém actividade docente no ensino secundário;
a gente do mar passa a constituir tema dominante da sua pintura;
recebe o Prémio Especial da Bienal de S. Paulo.
1952
Recebe o Prémio da 7ª Exposição Contemporânea dos Artistas do Norte;
permanece um mês na Noruega;
executa o afresco da Escola Gomes Teixeira, no Porto;
investiga o desenho infantil.
1953
Cria as "Missões Internacionais de Arte", a primeira das quais ocorre em Trás-os-Montes.
1954
Lecciona na Escola Secundária da Póvoa de Varzim.
"Póvoa de Varzim", 1954

1955
Promove a 2ª "Missão Internacional de Arte", na Póvoa de Varzim.
1956
Integra equipa com o arquitecto João Andersen para o projecto "Mar Novo" para Sagres que obtém o Primeiro Prémio em concurso internacional;
Recebe o Prémio "Artistas de Hoje", em Lisboa;
conclui o curso de Ciências Pedagógicas na Universidade de Coimbra.

s/título, 1956

1957
Organiza a exposição "4 Artistas Portugueses" em Oslo e Helsínquia;
Recebe o 2º prémio de Pintura da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

"Estocolmo", 1957

1958
Executa um painel para a "Exposição de Bruxelas";
recebe o Prémio "Columbano" da Câmara Municipal de Almada;
promove a 3ª "Missão Internacional de Arte", em Évora;
é convidado para a docência na Escola de Belas-Artes do Porto;
executa vários painéis de azulejo para a estação de de Vilar Formoso.
1959
Recebe Menção Honrosa na 5ª Bienal de S. Paulo;
cria dois painéis cerâmicos para o Hospital de S. João no Porto;
executa oito painéis de azulejo para a pousada de Miranda do Douro.
1960
Recebe o Prémio "Diogo de Macedo", no Salão de Arte Moderna do SNBA, em Lisboa.;
executa um painel cerâmico para a Pousada de Bragança.
1962
Presta provas públicas para a Cadeira de Professores na Escola Superior de Belas-Artes do Porto;
executa o mural afresco do Palácio de Justiça do Porto.
1964
Executa cinco painéis cerâmicos para obras de arquitectura.
1965
Cria cenários e figurinos para o "Auto da Índia" de Gil Vicente, encenação de Carlos Avilez para o TEP, Porto.
1966
Realiza um afresco para o Tribunal de Justiça em Anadia.
1967
Cria cenários e figurinos para "Fedra" de Racine, encenação de Carlos Avilez para o Teatro Experimental de Cascais.
1968
Ilustra "Aparição" de Virgílio Ferreira;
realiza cenário e figurinos para o bailado "Judas", coreografia de Águeda Sena e Companhia da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
1969
Recebe o Prémio "Artes Gráficas" na Bienal de Artes de S. Paulo, com ilustrações do romance "Aparição" de Vergílio Ferreira;
cria cenários e figurinos para o "Auto da Alma" de Gil Vicente no TEP, Porto;
realiza seis painéis em grés para o Palácio de Justiça de Lisboa.
1970
Orienta o visual estético do Espectáculo de Portugal na "Exposição Mundial de Osaka";
cria cenários e figurinos para "Antígona", no Teatro Experimental de Cascais.
1971
Primeira viagem ao Brasil;
encontra-se com Jorge Amado e Mário Cravo Filho.

"Moça com balão", Brasil, 1971

1972
É nomeado Membro da Academia real das Ciências, Letras e Belas-Artes Belgas, onde
faz uma comunicação.
1973
Ilustra a obra de Fernando Namora "Retalhos da Vida de um Médico";
nova viagem ao Brasil;
recebe o grau de Oficial da Ordem de Santiago da Espada.
1974
Exerce funções de gestão na Escola Superior de Belas-Artes do Porto;
realiza o cenário para o filme "Cântico Final" de Manuel Guimarães, adaptado do romance homónimo de Virgílio Ferreira.
1975-1976
Dedica-se a tempo inteiro à gestão da Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
1977
Viagem ao Nordeste Brasileiro;
encontro com os artistas Sérgio Lemos e Francisco Brennand.
1978
Cria cenários e figurinos para o bailado "Canto de Amor e Morte", coreografia de Patrick Hurde, inspirado na obra musical de Lopes Graça para a Companhia Nacional de Bailado;
visita as Faculdades de Belas-Artes de Espanha.
1981
Executa os vitrais para a Igreja Nª Sª da Boavista, noPorto;
viagem ao Brasil - Pernambuco e Baía;
profere uma palestra na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife.
1982
Recebe as insígnias de Comendador de "Mérito Civil de Espanha", atribuídas pelo Rei.
1984
Realiza o painel mural "Ribeira Negra".
1985
É-lhe atribuído o Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

"Mulher e Roupa", 1986

1986
Executa em grés o grande mural "Ribeira Negra" no Porto.

"Ribeira Negra", 1986, pormenores

1987
Dá a última lição na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
1988
Executa painéis de azulejos no Hotel Solverde, Granja, V.N. de Gaia.

Painéis, Hotel Solverde, 1988
1989
Exposição retrospectiva na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
1992
Viagem a Cabo Verde – ilhas de S. Vicente e Stº Antão.
1993
É criado o "Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende", em Valbom, Gondomar.
1994-1995
Realiza painéis cerâmicos para a estação de "Sete Rios" do Metropolitano de Lisboa.
1996
Viagem a Goa.

colecção "Goa L'Odeur Coleur"

1997
Viagem às ilhas de Santiago e Fogo, em Cabo-Verde;
recebe a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique;
realiza a decoração de azulejos da estação "Sete Rios" do Metropolitano de Lisboa.
1999
Viagem à Ilha de Moçambique.

"Moçambique"

2000
Viagem ao Brasil - Recife.
2011
Morre em Valbom, a 21 de Setembro.





discurso directo
 Às vezes pergunto: tu achas que valeu a pena? Essas dúvidas também doem muito. Não sei se valeu a pena. O futuro o dirá, talvez. Mas eu não tenho nada a ver com o futuro. Tenho um passado muito forte. O futuro é indiferente.

Quando um artista vê uma coisa, ela penetra em si. Podem passar os tempos, mas aquilo que acontece é que a evocação se torna mais eloquente, mais forte do que propriamente o momento em que a viu. O que conta é a impressão, aquilo que nos magoou de certa maneira, porque não há prazer que não magoe.

A minha fala tem as vozes do círculo cromático. Muitas vezes se diz que um pintor não deve falar, deve pintar. Acho que isso é verdade, mas também acho que a pintura, como a fala, é sempre uma transmissão de ideias.

Eu nem sei o que é que procuro. O que sei é que procuro. Eu, normalmente, não gosto de certezas. Não posso.

Eu sou aquilo que faço e pinto. Sou expressionista. Uma pessoa é expressionista porquê? Porque exalta certas coisas e desinteressa-se por outras. Começo sempre a trabalhar sem saber muito bem aquilo que vou fazer. Gosto muito do meu instinto, daquilo que vem e que depois controlo. Naturalmente, não vou até ao fim nesse devaneio. Em devido tempo, a reflexão vem ao de cima.

[ A morte] cada vez me assusta menos. À medida que se aproxima, preocupa-me menos. 


Azulejo, "Máscaras"

 

Chávena de Café, Lugar do Desenho
Jarra, Lugar do Desenho

Prato cerâmico, s/título


Prato de porcelana, s/título


"Alentejo"



Fontes e ligações de interesse

 

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