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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Angola em destaque em Paris

A cultura e as artes angolanas estão em destaque na capital francesa a partir deste mês de Novembro, graças à exposição "Angola, figuras de poder", que abriu no passado dia 10 no Museu Dapper. A mostra reúne cento e quarenta obras: máscaras de diferentes materiais, representações do herói-caçador Chokwe Chibinda Ilunga e outros objectos mágico-religiosos e baixos-relevos policromados. O espaço dedicado à arte contemporânea é ocupado por um dos maiores artistas angolanos da actualidade, António Ole.

Constituída por uma grande diversidade de povos, Angola assistiu ao desenvolvimento de artes que exaltam o poder político e espiritual dos chefes. Da mesma forma, os cultos prestados aos antepassados, heróis, divindades e espíritos, tal como os rituais iniciáticos asseguram a formação dos indivíduos, fizeram nascer práticas artísticas elaboradas.

Máscaras, estatuetas, símbolos e outros tipos de obras dos Chokwe, Kongo, Lwena, Lwimbi, Mwila, Ovimbundu, para citar os povos mais conhecidos, ocupam um lugar central nas artes de Angola. Esta exposição oferece um admirável reportório de formas onde se afirmam estilos específicos e onde se descobrem influências recíprocas. As máscaras esculpidas ou feitas em matérias vegetais, tais como as figuras de culto em madeira, a par da sua origem e do seu papel, sugerem frequentemente ligações entre os povos. As representações mais ricas misturam frequente e intimamente numerosos registos. Os dados da história, do político e do religioso incorporam, de modo mais ou menos explícito, os modos de figuração e os sistemas simbólicos. Os objectos constituem portanto os indicadores de um universo onde estão em jogo múltiplos poderes. Esta selecção revela a vontade de apresentar, com a maior amplitude possível, a forma as produções dos povos contribuíram para edificar um património artístico excepcional.

Em paralelo, o Museu Dapper apresenta a exposição "Memórias", de António Ole, artista plástico angolano com trabalhos nas áreas da pintura, escultura, instalação, fotografia e cinema. Os sete trabalhos escolhidos para esta mostra - essencialmente esculturas e instalações de grandes dimensões - transportam os traços da memória colectiva, em que a guerra ocupa um lugar considerável. As obras de António Ole são densas mas totalmente abertas, uma vez que elas transcendem os seus propósitos originais e fazem surgir uma multiplicidade de sentidos que encontram eco noutras situações do mundo, colectivas ou pessoais.

A exposição "Angola, figuras de poder" estará patente ao público até 10 de Julho de 2011, é comissariada por Christiane Falgayrettes-Leveau e conta com o alto patrocínio do Embaixador de Angola em França, Miguel da Costa e o apoio da Fundação Total. Boris Wastiau é o conselheiro científico da iniciativa.
O Museu Dapper (rue Paul Valéry, 50) pertence à Fundação Olfert Dapper (nome de um humanista holandês do século XVII, autor da enciclopédia "Descrição da África", publicada em 1668), fundada em 1983, em Amesterdão, por iniciativa de Michel Leveau, seu presidente. O Museu em Paris abriu três anos depois e define-se como "um espaço de artes e culturas para África, Caraíbas e suas diásporas".

Angola em destaque em Paris, Cenaberta, [url] http://cenalusofona.pt/cenaberta/detalhe.asp?id=633&idcanal=20
colaboração de Maria Júlia Monteiro Vieira Jaleco

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