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24.09.2010
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Fiel às posições do seu manifesto inaugural de 2002, em que reivindicou o direito e a capacidade dos artistas plásticos moçambicanos de «participarem na arena internacional, não como um simples espelho de uma África congelada dentro das suas tradições, mas como testemunho do mundo de hoje», o Muvart – Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique – realiza a sua IV Bienal, em Maputo, até 3 de outubro, congregando 17 artistas de seis países, entre os quais Portugal.
Rotura e Desconversão, a exposição internacional de arte contemporânea organizada pelo Muvart, este ano integrada no 1º Festival Internacional de Artes Tunduro, e mostrada no Musart (Museu Nacional de Arte), «pretende sensibilizar, teorizar e estimular a produção de arte contemporânea através da sua circulação dentro e fora do país», refere num curto texto de apresentação o artista plástico moçambicano Jorge Dias, o principal teorizador do movimento e putativo curador da exposição, que conta com o apoio do Instituto Camões, à semelhança do que aconteceu em iniciativas anteriores do movimento.
«Através de alguns artistas aqui apresentados, a exposição vem dar a conhecer o contorno que a arte contemporânea em Moçambique», considera Jorge Dias. «Estes trabalhos – acrescenta – estão virados para uma arte transnacional», «dialogam com universos multiculturais» e este caráter está presente nas obras dos artistas plásticos moçambicanos, membros do Muvart ou não.
De Moçambique estão presentes os artistas do Muvart Sónia Sultuane, Maimuna Adam, Gemuce e Marcos Muthewuye, que questionam a dinâmica da produção artística e a sua teorização em Moçambique. Os artistas Titos Mabota, Gonçalo Mabunda, Branquinho, Fornasini, Vinno Mussagi e Famós representam uma parte da produção artística que a organização considera significativa no panorama atual da arte no país.
Estes artistas, diz Jorge Dias, «têm vindo a abrir mão de programas estéticos, matrizes nacionalistas e narrativas sócio/político/culturais por um percurso individual e subjetivo na produção das Artes Visuais nos dias de hoje. Os mesmos encontram seus pares em outras geografias de matriz cultural diferente».
Entre estes pares está o artista plástico português Jorge Rocha, que participa na Bienal com o projeto de Culinária expansiva, que usa a internet como suporte da sua obra de arte. Do Brasil estão presentes as artistas Isa Bandeira e Vera de Albuquerque. Soledad Johansen, do Chile, a viver na cidade de Maputo, desenvolve atualmente um projeto intitulado Corpos Flexíveis. O artista plástico Fred Morim, de Angola, que também vive e produz em Maputo, apresenta trabalhos no âmbito do projeto Mundo 100 Valores. Dos Estados Unidos estão presentes Evans Plummer e Mike Bancroft, que trabalham num projeto em que questionam mecanismos e espaços de circulação da arte pública.
Assim, prossegue no campo das artes plásticas em Moçambique a «rutura [introduzida pelo Muvart] com o modernismo-colonial que imperou até ao final da década de 90 do século passado», na formulação usada em 2006 por António Pinto Ribeiro, professor, investigador e programador cultural.
in “Instituto Camões” newsletter Nº 156 • 22 de Setembro de 2010 • Suplemento do JL n.º 1043, ano XXX
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