3.09.2010
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2010/09/retrospectiva-integral-de-pedro-costa.html
A obra do realizador português Pedro Costa (n. 1959), apresentado como «o maior director do novo cinema português», vai ser mostrada ao público brasileiro em São Paulo (1 a 15 de Setembro), Rio de Janeiro (11 a 23 de Setembro) e Brasília (14 a 26 de Setembro), com o apoio do Instituto Camões (IC).
A retrospectiva integral, com os 10 filmes (sete longas metragens e três curtas-metragens, em mais de 20 anos de produção) do cineasta português, terá lugar no Centro Cultural do Banco do Brasil, uma instituição de referência ligada às artes no Brasil, com pólos nas três cidades.
Juventude em Marcha (fotograma). Pedro Costa, 2006
Embora os organizadores brasileiros digam que o cineasta português tem «uma obra pequena e um tanto clandestina», retrospectivas da obra de Pedro Costa tiveram recentemente lugar na Tate Gallery (em 2009), em Londres, e na Cinemateca Francesa, em Janeiro passado, e o autor é estudado nas universidades norte-americanas.
Com o apoio do IC, as sete longas-metragens do realizador foram também exibidas, legendadas em inglês, no Festival Internacional de Cinema de Jeonju (Coreia do Sul), em Abril-Maio passado, e o seu último filme Ne change Rien, foi apresentado este mês no Eurospace, em Shibuya, Tóquio, com a presença do realizador, no quadro das celebrações do 150º aniversário do Tratado luso-nipónico.
A restrospectiva sobre Pedro Costa - que se deslocará a São Paulo para participar num debate sobre a sua obra e apresentar uma instalação na 29ª Bienal de São Paulo, cuja lista de artistas integra - compreende ainda a rubrica ‘Carta Branca’, com quatro filmes escolhidos pelo próprio cineasta e que influenciaram sua obra - Gente da Sicília, de Straub e Huillet, Beauty #2, de Andy Warhol, Número Zero, de Jean Eustache, e Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro, dois cineastas portugueses com quem partilha uma espécie de ‘antropologia visual’, no dizer dos artigos da Wikipédia.
A curadoria da mostra está a cargo de Daniel Ribeiro Duarte, realizador de cinema, que desenvolve um projecto de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com o tema Comunidade e contemporaneidade no cinema de Pedro Costa. Foi responsável pela primeira retrospectiva de Pedro Costa no Brasil no forumdoc.bh.2007.
Pedro Costa, segundo os organizadores da mostra, construiu « uma das mais sólidas e enigmáticas carreiras do cinema contemporâneo. Sua obra resiste a qualquer tipo de classificação. Com uma dedicação inédita, Costa aborda temas como a migração, a pobreza e a globalização filmando a vida dos imigrantes pobres que vivem nos chamados ‘bairros de lata’ de Lisboa, muitos deles imigrados de Cabo Verde. Mas seu trabalho transcende pela beleza descomunal de seus planos, a precisão da montagem e a intimidade sem precedente dos retratos apresentados».
Historiando a evolução da obra de Pedro Costa, os organizadores da mostra de São Paulo dizem que depois de Ossos (1997), «seu ultimo filme com grande estrutura de produção, o cineasta se decepcionou com toda a maquinaria do cinema» e, a partir de No quarto da Vanda (2000), «recusa o sistema tradicional de produção», passando a filmar com amigos e actores não-profissionais. «Como resultado, seus filmes tensionam e destroem, a cada plano, a divisão entres os territórios da ficção e do documentário», sublinham.
Também «o uso que o cineasta faz de câmaras digitais portáteis para um discurso tão elaborado faz de seus filmes uma espécie de manifesto do cinema moderno e contemporâneo, prova de que o cinema ainda pode ser livre e comprometido, político e poético, ético e estético».
Notícias Instituto Camões, Newsletter N.º 35, Setembro de 2010
Encarte Número 155 • 25 de Agosto de 2010 • Suplemento do JL n.º 1041, ano XXX
Com o apoio do IC, as sete longas-metragens do realizador foram também exibidas, legendadas em inglês, no Festival Internacional de Cinema de Jeonju (Coreia do Sul), em Abril-Maio passado, e o seu último filme Ne change Rien, foi apresentado este mês no Eurospace, em Shibuya, Tóquio, com a presença do realizador, no quadro das celebrações do 150º aniversário do Tratado luso-nipónico.
A restrospectiva sobre Pedro Costa - que se deslocará a São Paulo para participar num debate sobre a sua obra e apresentar uma instalação na 29ª Bienal de São Paulo, cuja lista de artistas integra - compreende ainda a rubrica ‘Carta Branca’, com quatro filmes escolhidos pelo próprio cineasta e que influenciaram sua obra - Gente da Sicília, de Straub e Huillet, Beauty #2, de Andy Warhol, Número Zero, de Jean Eustache, e Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro, dois cineastas portugueses com quem partilha uma espécie de ‘antropologia visual’, no dizer dos artigos da Wikipédia.
A curadoria da mostra está a cargo de Daniel Ribeiro Duarte, realizador de cinema, que desenvolve um projecto de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com o tema Comunidade e contemporaneidade no cinema de Pedro Costa. Foi responsável pela primeira retrospectiva de Pedro Costa no Brasil no forumdoc.bh.2007.
Pedro Costa, segundo os organizadores da mostra, construiu « uma das mais sólidas e enigmáticas carreiras do cinema contemporâneo. Sua obra resiste a qualquer tipo de classificação. Com uma dedicação inédita, Costa aborda temas como a migração, a pobreza e a globalização filmando a vida dos imigrantes pobres que vivem nos chamados ‘bairros de lata’ de Lisboa, muitos deles imigrados de Cabo Verde. Mas seu trabalho transcende pela beleza descomunal de seus planos, a precisão da montagem e a intimidade sem precedente dos retratos apresentados».
Historiando a evolução da obra de Pedro Costa, os organizadores da mostra de São Paulo dizem que depois de Ossos (1997), «seu ultimo filme com grande estrutura de produção, o cineasta se decepcionou com toda a maquinaria do cinema» e, a partir de No quarto da Vanda (2000), «recusa o sistema tradicional de produção», passando a filmar com amigos e actores não-profissionais. «Como resultado, seus filmes tensionam e destroem, a cada plano, a divisão entres os territórios da ficção e do documentário», sublinham.
Também «o uso que o cineasta faz de câmaras digitais portáteis para um discurso tão elaborado faz de seus filmes uma espécie de manifesto do cinema moderno e contemporâneo, prova de que o cinema ainda pode ser livre e comprometido, político e poético, ético e estético».
Notícias Instituto Camões, Newsletter N.º 35, Setembro de 2010
Encarte Número 155 • 25 de Agosto de 2010 • Suplemento do JL n.º 1041, ano XXX
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